segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Onde estou - fiz umas mudanças

Não blogo mais aqui, como todo mundo sabe.

Mas como sempre chega alguém pelo google para os textos antigos, então não custa avisar onde estou. Até porque, agora começou pra valer a remoção dos textos que eu ia deixando por aqui.

Agora tenho domínio e servidor por minha própria conta:

andreegg.org

Fora a página pessoal/blog, vou manter no wordpress apenas o blog sobre o Coritiba:

doaltodetantasglorias.wordpress.com

Na Gazeta do Povo continuo com o blog sobre História:

http://www.gazetadopovo.com.br/blog/historiacultural/

E sigo firme com as colaborações no Amálgama:

http://www.amalgama.blog.br/por/andre-egg/

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A alfabetização nunca termina

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Entrevista com a profª. Drª. Telma Weisz na revista Nova Escola, n° 190 (março de 2006) - disponível aqui.

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O que é ser alfabetizado?
Vejo a aquisição do sistema de escrita - popularmente conhecida como alfabetização e que chamamos de alfabetização inicial - como parte de um processo. Mesmo os adultos nunca dominam todos os tipos de texto e estão sempre se alfabetizando. Ser alfabetizado é mais do que fazer junções de letras, como B com A, BA.

Qual a diferença entre alfabetização e letramento?
No passado, era considerado alfabetizado quem sabia fazer barulho com a boca diante de palavras escritas. Só então estudava-se Língua Portuguesa e gramática. Para quem acredita no letramento, a criança primeiro aprende o sistema da escrita e só depois faz uso social da língua. Assim como antes, isso dissocia a aquisição do sistema das práticas sociais de leitura e escrita. Para evitar essa divisão, passamos a usar o termo cultura escrita.

Qual a importância do professor como leitor-modelo?
A leitura é uma prática e para ensinar você precisa aprender com quem faz. Porém, este é um nó: como formar leitores se você não lê bem? E como ler bem se você saiu de uma escola que não forma leitores? A solução é de longo prazo e requer programas de educação continuada que tenham um trabalho sistemático nessa área. Nas reuniões do Profa, eram dados três textos ao formador. Ele escolhia um e lia para os professores, que recebiam os três. Ao fim do ano, eles haviam lido 150 textos de vários gêneros.

Como os pais podem colaborar na alfabetização?
Lendo todos os dias para as crianças. Quem passa a primeira infância ouvindo leituras interessantes se apropria da linguagem escrita. Assim, na hora em que lê e escreve de forma autônoma, já sabe o que e como produzir. Isso também possibilita à criança entender os textos que lê.

Por que saem das escolas tantos analfabetos funcionais?
Porque a escola só reconhece como alfabetização a aquisição do sistema. Em vez de investir na competência leitora, concentra-se no ensino de gramática. Por isso há analfabetos funcionais com muitos anos de escolaridade. Formar leitores e gente capaz de escrever é uma tarefa de coordenadores, gestores e professores de todas as séries e disciplinas. Eu diria que leitura e escrita são o conteúdo central da escola e têm a função de incorporar a criança à cultura do grupo em que ela vive. Isso significa dar ao filho do analfabeto oportunidades iguais às do filho do professor universitário.

Como reverter esse quadro?
Lendo, discutindo, trocando idéias, vendo o que cada um entendeu e pesquisando em fontes diversas. É preciso tornar o texto familiar, conhecer suas características e trazer para a sala práticas de leitura do mundo real. Se a função da escola é dar instrumentos para o indivíduo exercer sua cidadania, é preciso ensinar a ler jornal, literatura, textos científicos, de história, geografia, biologia. Consegue ler bem quem teve algum tipo de oportunidade fora da escola. Os que dependem só dela são os analfabetos funcionais. E a escola faz isso porque não compreende claramente a sua função.

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domingo, 26 de julho de 2009

Uma resposta (bem-educada) ao Demétrio Magnoli

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Interrompo o silêncio sepulcral que acomete este blog para reproduzir aqui um trecho da resposta do prof. Kabenguele Munanga a Demétrio Magnoli.

Tive aulas de Antropologia Física com um dos melhores biólogos e geneticistas franceses, Jean Hiernaux. Uma das primeiras coisas que ele me ensinou era que a raça não existe biologicamente. Através de suas aulas, li François Jacob, Nobel de Fisiologia (1965) e um dos primeiros franceses a decretar que a raça pura não existe biologicamente; e J.Ruffie, Albert Jacquard e tantos outros geneticistas antirracistas dessa época. Portanto, sei muito bem, e bem antes de Demétrio que o racismo não pode ter mais sustentação científica com base na noção das raças superiores e inferiores, que não existem biologicamente. Sei muito bem que o conteúdo da raça enquanto construção é social e político. Ou seja, a realidade da raça é social e política porque tivemos na história da humanidade povos e milhões de seres humanos que foram mortos e dominados com justificativa nas pretensas diferenças biológicas. Temos em nosso cotidiano, pessoas discriminadas em diversos setores da vida nacional porque apresentam cor da pele diferente. Nosso sistema educativo é eurocêntrico e nossos livros didáticos são repletos de preconceitos por causa das diferenças. Não sou um novato que ingressou ontem na universidade brasileira. No Brasil, fui introduzido ao pensamento racial nacional por grandes mestres, como João Baptista Borges Pereira, que foi meu orientador no doutoramento, Florestan Fernandes, Octavio Ianni, Oracy Nogueira, entre outros. Não sei onde estava Demétrio nessa época e em que ano ele descobriu que a raça não existe. Acho um exagero querer me dar lição de moral sobre coisas que eu conheço muito antes dele.

Quem fez o serviço público de divulgar a resposta, mais uma vez, foi o Idelber Avelar - recomendo fortemente a leitura do texto completo.


Leia também, aqui no blog:

Sobre as cotas raciais

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quinta-feira, 25 de junho de 2009

#iranelection

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Figurinha carimbada no trending topics do twitter o título deste post. Todo tuiteiro que se preze tem que dar uma manifestação de solidariedade a Mousavi, candidato derrotado em eleições provavelmene fradulentas. Revolta em Teerã com direito a violenta repressão da guarda revolucionária.

Tá.

Pergunto que diferença faria uma vitória de Mousavi. Também muçulmano, também figurinha da revolução de Khomeini, já foi inclusive primeiro-ministro nos anos 80. Não consta que o Irã fosse mais aberto ou democrático naquela oportunidade.

De qualquer forma, nos EUA (e por conseqüência no Brasil), os guardiães da democracia estão alertas. Tio Sam passou uma descompostura:



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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Um ranking do futebol brasileiro (IV) - Campeonato Brasileiro 1990-2002

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Continuando com a série que irá estabelecer o definitivo e indiscutível ranking do futebol brasileiro.

Como já fiz para os períodos anteriores, este ranking considera 5 pontos para o campeão, 2 para os outros 3 semi-finalistas, e mais 1 ponto para os classificados entre o 5° e o 12° lugares.

A CBF continuou dando show de desorganização e de idéias idiotas. O dificulta o trabalho de gente séria como eu. Além da bagunça proporcionada pela CBF, este período foi o pior da história do meu time. Foi também o período áureo do Corinthians. E foi a pior década da história da seleção brasileira (uma decepção em 1990, um título ridículo em 94, e um semi-fracasso merecido em 98). Fatores que, somados, fizeram com que os anos 90 sejam os que eu considero os piores da história do futebol brasileiro.

Mas tenho que incluir esse período negro no ranking geral, mesmo a contragosto. Os dados usados são os disponíveis na wikipedia.

Para o ano de 2000, considerei os 4 semifinalistas da Copa João Havelange, mais os 9 restantes que completaram os 12 primeiros lugares do "módulo azul" - que equivaleu à primeira divisão. Neste ano a CBF teve a idéia de jerico de fazer uma fase de mata-mata com clubes vindos de todas as 4 divisões, o que favoreceu o São Caetano que, mesmo tendo disputado a 2ª divisão ("módulo amarelo") chegou à final do Brasileirão contra o Vasco. E só perdeu por causa das maracutaias do Eurico Miranda, com direito a desabamento do estádio e tudo mais.

A pontuação ficou assim:


1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Corinthians 5 1 1 2 2
1
5 5

2 24
Palmeiras 1 1 1 5 5 1 1 2 1 1 1 1
21
São Paulo 2 5 1 2 1 1 1 1
2 1 1 1 19
Vasco
1 2
1

5 1 1 5 1
17
Atlético MG 1 2

2 1 2 2 1 2
2 1 16
Santos 1 1 1 1 1 2
1 2 1

5 16
Grêmio 2

1 1
5
1
2 1 2 15
Cruzeiro 1
1 1
2 1
2 1 2
1 12
Flamengo 1 1 5 1


1 1 1


11
Botafogo 1 1 2
1 5
1




11
Portuguesa
1
1 1 1 2 1 2



9
Fluminense
2


2



1 2 2 9
Internacional
1 1

1 1 2

1 1
8
Atlético PR





1

1 1 5
8
Goiás 1



1 2


1 1 1 7
Bragantino 1 2 2
1 1






7
Guarani

1 1 2
1
1 1


7
Vitória


2


1
2

1 6
Sport

1


1 1 1
1

5
Bahia 2


1




1 1
5
São Caetano









2 2 1 5
Juventude




1
1



1 3
Ponte Preta








1 1 1
3
Coritiba







1


1 2
Paraná


1








1
Remo


1








1


E o ranking geral:


1958-69 1971-79 1980-89 1990-2002 total
Santos 29 5 7 16 57
Palmeiras 12 19 3 21 55
Vasco 3 13 13 17 46
São Paulo
12 13 19 44
Corinthians
9 8 24 41
Flamengo 2 6 20 11 39
Internacional 1 24 6 8 39
Atlético MG
13 10 16 39
Grêmio 3 6 13 15 37
Cruzeiro 7 10 5 12 34
Botafogo 8 7 4 11 30
Fluminense 2 4 11 9 26
Bahia 9 3 7 5 24
Guarani
8 6 7 21
Sport 1 2 10 5 18
Coritiba
6 9 2 17
Portuguesa
2 5 9 16
Atlético PR
2 5 8 15
Vitória
3 2 6 11
Goiás
1 2 7 10
Ponte Preta
1 4 3 8
Bragantino


7 7
América RJ 1 2 4
7
Náutico 6
1
7
Santa Cruz 1 5

6
Bangu

5
5
São Caetano


5 5
Operário MS
3 1
4
Fortaleza 4


4
Juventude


3 3
Ceará 1
2
3
Inter de Limeira

2
2
Criciúma

2
2
Londrina
2

2
Brasil de Pelotas

2
2
Joinville

1
1
América MG
1

1
Anapolina

1
1
Santo André

1
1
Rio Branco ES

1
1
Ferroviária SP

1
1
Treze PB

1
1
Paraná


1 1
Remo


1 1
São José SP

1
1
Uberlândia
1

1
Atlético GO

1
1


Confira os outros períodos desta série:

Um ranking do futebol brasileiro (I) - Taça Brasil 1958-1969

Um ranking do futebol brasileiro (II) - Campeonato Brasileiro 1971-1979

Um ranking do futebol brasileiro (III) - Campeonato Brasileiro 1980-1989

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terça-feira, 23 de junho de 2009

O Departamento de História discutindo os problemas da USP

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Esta carta me chegou por e-mail, visto que sou aluno de doutorado lá do departamento de História da USP. Daria um olho para estar lá, mas não foi possível:

Dando prosseguimento à nossa disposição de abrirmos um diálogo franco e amplo entre todos os membros do Departamento de História nesse momento de tensões que atingem a todos nós, realizaremos outro encontro dia 17/6, quarta-feira próxima, às 17:00 no auditório da História. No xerox há um texto que pode ajudar-nos a pensar, intitulado "A Faculdade no Centenário da Abolição", de Antonio Candido, publicado em "Vários Escritos". Além do que o texto poderá nos inspirar, partiremos do que foi dito na nossa primeira reunião, que em linhas gerais diz respeito a: discutir a democratização da universidade e ampliar o debate a esse respeito, inclusive para fora da universidade; pensar em novas práticas de ação e avaliar os prejuízos trazidos pela
greve; aproveitar a crise vivida para pensar sobre a qualidade do ensino e sua vinculação com a prática, sobre o papel da universidade, sobre a educação pública e a UNIVESP; discutir o papel dos professores fora de sala de aula; discutir as formas violentas de impor as posições; exercitar o poder de argumentação.

Procederemos da mesma forma feita na reunião anterior, aceitando a inscrição de todos até um dado teto de tempo, para que dessa forma possamos conhecer o maior número possível de posições e nos fortalecermos a partir daquilo que nos une.

Aproveito para agradecer a presença de todos na reunião do dia 10/6.

Cordialmente, Chefia do Departamento de História.


Como se pode ver, há gente fazendo a necessária auto-crítica, e espera-se que a maioria possa derrotar esta minoria hiper-ativa que domina o movimento estudantil e sindical. Pergunto se era necessário chegar a tanto para isso acontecer.

Já da reitoria, do comando da polícia, do governo do estado e da imprensa não há que se esperar nenhuma auto-crítica. A truculência é seu modus operandi - que só será mudado com um amplo processo político.

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