sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Por um novo Estado na Palestina

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Em 1948, foi criado na Palestina o Estado de Israel. Foi uma reação do movimento sionista às brutais perseguições sofridas por judeus na Europa cristã. As perseguições perduraram por todo o período da cristandade, e seguiram com toda a força após as Reformas religiosas do século XVI.

Uma nova situação gerou a possibilidade de um estado judeu, a acolher exilados europeus em massa na terra dos seus ancestrais. Colocava fim a uma tradição que vem desde o século V a.C., com um pequeno interlúdio hasmoneu no século III a.C. - os judeus foram os únicos a conseguir manter coesa uma pátria sem território e sem Estado, isso por cerca de 2300 anos, desde o exílio à Babilônia de Nabucodonosor até a criação do Estado moderno de Israel em 1948.

O novo Estado foi apoiado pelo Ocidente, talvez para aplacar a consciência depois do holocausto nazista. Foi possível por que as potências ocidentais já tinham colocado fim ao domínio do império Otomano na região, desde a chamada "1ª guerra mundial". O Estado judeu seguiu-se à partilha franco-britânica da Palestina, e foi uma forma de garantir os interesses ocidentais numa região rica em petróleo. Afinal, os migrantes que construíram o novo Estado eram, em última instância, europeus - os Askenazim de pele clara não desalojaram apenas os palestinos, mas desalojaram também (politicamente) os Sefardim de pele morena que viveram em equilíbrio na região por milênios.

A história deste jovem Estado foi sempre de guerras com vizinhos. Diversas nações classificadas como "árabes" e confundidas com o islã - mesmo apesar de toda a vizinhança ser multi-cultural, multi-étnica e multi-religiosa, incluindo significativa presença de cristãos do antigo ramo monofisista (grupos de cristãos orientais que não se submeteram ao controle político de Roma ou de Constantinopla, traduzido no dogma da natureza divino-humana de Cristo).

Foi comum ouvir falar no objetivo político do "fim do Estado judeu", propagandeado no Ocidente de forma mentirosa como uma apologia à eliminação física de Israel. O fim do Estado judeu é a proposta de uma partilha da região num estado onde os Palestinos tenham representação política paritária. É a única proposta politicamente decente, mas fere interesses financeiros muito poderosos, não apenas na região, mas em todo capitalismo mundial.

O Ocidente segue mantendo o Oriente Médio como um grande "aterro sanitário" humano, a garantir o conforto do "bem-estar social" do Atlântico Norte.

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A única solução aceitável é um único Estado, para israelenses-palestinenses, no qual os crimes do sionismo possam afinal ser reparados. Não há outra possibilidade. Só essa."
(Tareq ali no Guardian, via Carta Maior)

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