terça-feira, 2 de junho de 2009

Sobre análise musical

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Lá na coluna de Paulo Costa Lima no Terra Magazine, um interessante texto sobre análise musical. Sobre como surgiu essa disciplina e sobre seus rumos atuais.

Para mim, faltou dizer que a disciplina apareceu como parte de um processo de racionalização ocorrido no Ocidente. O mundo passou a ser compartimentalizado, separado em "caixinhas". Tudo pode ser compreendido, analisado, descrito.

A música recebeu uma teoria "científica", pretensamente universal. Tanto pelo lado da acústica e o conhecimento do som como fenômeno físico, como pelo lado da "teoria musical", sub-entendida como um conjunto de regras derivadas do tonalismo e da sua lógica para hierarquizar a relação entre as alturas do som.

A análise musical foi parte importante do processo. Dissecar corpos. Separar uma melodia em períodos, frases, motivos. Classificá-los quanto a suas qualidades. Entender os acordes e os intervalos (consonantes ou dissonantes, perfeitos ou imperfeitos, etc.). Forma e estrutura.

Tudo tão bonito, tudo tão lógico. Que embriagou os melômanos. Que os fez achar que a música é um discurso autônomo, uma modalidade artística auto-referente. Surgiu em paralelo a noção de uma "história da música", feita de compositores e obras.

Modelo obviamente em crise.

Os caminhos que Paulo Costa Lima aponta são novos e importantes. Mas eu diria que o principal sobre análise musical hoje, é dizer que não se pode mais pretender explicar a música fora do seu tempo, fora do seu mundo. É preciso historicizá-la. Compreender que é feita por homens, que vivem no mundo, têm sua cultura, suas relações sociais e políticas. E que, por mais que exista o discurso do gênio que "compõe para a posteridade", a verdade é que compositores escrevem para ouvintes. E há ainda o intérprete, as editoras, os críticos, as gravadoras.

Para mim o caminho para a análise musical é o que vem dos campos do conhecimento alheios à música, ou fora dela: lingüística, semiótica, sociologia, história. Não mais apenas fraseologia musical, harmonia, contraponto, morfologia musical.

Terão os músicos que sair de seu casulo. Especialmente se quiserem significar alguma coisa no mundo acadêmico e no mundo do conhecimento do século XXI. Pois que a análise musical ainda continua - como toda a teoria tradicional da música, presa ao conhecimento do século XIX.

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Um comentário:

Anônimo disse...

gostei